Somos pelo que caminhamos entre as ondas, pelo que de nós surge no meio
da tempestade, náufragos, corpos vivos e salgados na beira da praia.
Somos porque sei como olhas o mar à janela, e nele eu me mostro para ti
uma incógnita. Uma pergunta cuja resposta és tu próprio. Somos por entre
as correntes, somos em essência a aprendizagem após o ciclone que nos
abalou, que mostrou as nossas fraquezas, essas que aceitamos para amar
como na rosa aceitamos os espinhos que a protegem. Somos porque há em
nós o poder de os deixar cair e tornar-se uma rosa mais simples, doce,
dadivosa. Somos porque todo o soldado volta para casa e sabe que no
frenesim da batalha tudo é confuso, e por isso é preciso viver em paz e
fazer o que é devido. Somos porque entre nós houve nuvens e pássaros e
horas simples e corpos abraçados por horas, suores, lábios,
líquidos mornos onde nos deixamos embalar. Somos porque para aceder à
montanha branca é preciso esfolar os joelhos, as mãos, os pés, que se
tornarão no mais precioso de nós, na dor que prove o nosso esforço e o
direito ao paraíso ao chegar ao cimo. Somos porque o caminho certo é
sempre o mais difícil
A Chávena de Humanidade
O Cháismo é um culto baseado na adoração do que é belo entre os factos sórdidos da existência diária. (...) É uma tentativa terna de atingir algo possível nesta coisa impossível a que chamamos vida.
El teísmo es un culto basado en la adoración de lo que es bello entre los hechos sórdidos de la existencia diaria. (...) Es un intento tierno de alcanzar algo posible en esta cosa imposible a la que llamamos vida.
Kakuzo Okakura
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