a forma em que o teu corpo toma as
rédeas, se expande e retoma em mim a tua sorte, onde te sou jardim e
te me desfazes em sementes de papoila ou cravo; a forma em que te
rego à tarde como uma ponte translúcida num dia de chuva e tu és a
poça onde me espelho e reconheço do mesmo além de ti; a forma em
que o pescoço teu é um baobab ou uma sequoia ou um carvalho onde
aninham seres mitológicos, um canto à habitação primigénia, o
invólucro de um vazio onde sou Alice, caio-te pelo dentro das vozes
e és frasco que diz bebe-me. e bebo porque quero conhecer as tuas
estâncias, os teus becos interiores, espelhos, enigmas e equações
irresolutas; a forma em que te revelas lúcido como uma taça de
cristal, talhado por mãos que tratam de prata e diamantes negros; a
forma em que o poder das fontes te faz queda, vale e foz do verbo
feito aquém; a forma em que és a língua do tao e lambuzas na
corrente nossa para resgatar peixes cheios de palavras.
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