a fresta é o que foi e o que estava por ser. escoam as águas ainda, até o
tempo sua nos interstícios das horas, nada que não caiba num cabaz para
partir em direção ao futuro. também entre os dedos escorrem alguns
rescaldos do vazio, roupas usadas, uma panela gasta em cozinhar água com
sal. não soubeste ficar pelos contornos, quiseste o tudo, o âmago do
fruto proibido, mas sem responder à pergunta do cão cérbero. cuidado, os
deuses castigam duramente os ladrões de febres e silêncios. não perdoam
a cobardia. nada vai te pertencer mais longe dos teus dedos, ou talvez
então alguma palavra minha ainda ecoe um dia neles e se enfie entre os
papéis velhos, ou nos teus joelhos e te faça acordar do pesadelo que
escolheste.
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