vinco-me nas margens que são os lábios para acordar do sonho ou pesadelo, nesta falta de água que comigo amornece cada dia saltam as peles como os passados, as palavras por dizer, os beijos, as falhas, tudo o que nos fez espelho e foi golpe que deu vida ao presente; vinco-me para saber que estou acordada, que o sono não tomou de novo as rédeas e a maia cega os propósitos e os verbos; vinco-me porque entre nós deve sempre haver o tacto mas há dias em que tudo é tão longe, tão impossível, tão obscuro como o bréu dos corações salgados como o peixe, secos como uma rês morta no sertão; vinco-me para acordar as horas para a esperança, para apelar ao gesto dos olhos limpos, para sorver o que resta de vivo na pessoa, em ti, em mim, tão bárbaros, tão vivos, tão angelicais.
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