à beira do rio gasto, às portas da menina, dançar em voltas, sem encostar, girar sobre o superficial: a minha estratégia é fugir para a frente mas com os calcanhares do passado, no encalço do que em mim não atribuo: mãos com dedos, discurso, tacto ou coisa que valha. segue-me a rua, o pátio, o chão frio do licéu ou a madeira da barraca, ao silêncio ou a rejeição em troca das boas-vindas, o caminho de volta para casa a pé na chuva ou no sol; na orelha sentado o rosário de proibições murmuradas sem domingo, o martelo do juiz , o medo, o lacaio do tonal, o olhar torvo ao interior, as nuvens no rés-do-chão, o nunca mais chegar a um local que não existe, guardar esse lugar que não possuo e ao mesmo tempo me pertence, derreter o paradoxo, chegar ao ponto de partida sem sair, chegar a ser o que já se é, algures, atingir o trampolim para o salto interior, a aristotélica passagem da potência ao ato, da ítaca sozinha ao caminho, pois é por ulisses que ítaca é ítaca, e vice-versa; assim, como um abutre dar voltas e mais voltas como num cemitério onde os túmulos são as estantes com objetos vácuos, onde a memória é o castigo, a amnésia é a condena, o futuro uma nebulosa e o presente já se foi. girar, girar e parar no ponto exato onde a única via é avançar. às portas da verdade, servir o medo da escuridão e parar. para dar o salto.
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