pegas-me pelos varais da força de vontade. não me enfio pelas tuas mãos, que a carreira é louca e o fim um poço. pelos dedos atinjo-te nas pulsações, és táctil como abacate ou cortiça brava, justo como o fim do dia, navegado por fumaças como um barco branco a atravessar o pântano; seguras-te nos verbos como ramos porque és povoado por areias movediças, paredes e viagens de ida e volta; acreditas no mundo como um prato porque as noites são frias e a canja quente, e assim deixas-te cair pelo bordo da vida, pelo abismo da promessa, sim, essa água que escoa sem saber para onde. sabes da existência de sóis interiores mas só num canto de ti os encaras, numa cave onde te guardas das estrelas e as fontes, tal é a necessidade de olhar para a luz e não ficar perante ela sozinho, nu e de joelhos. por isso encostas o corpo à árvore da vida, buraco a buraco os teus pés no tronco, mão a mão e é tão fácil seguir-te o rasto pelas veias da palavra, sempre acima, sempre em frente, sempre.
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