correm as horas e as folhas como pássaros que nos fogem das mãos, tu és um olho semicerrado que me lança um desafio, eu uma boca aberta a perseguir o vento que ultrapassa os telhados, há quem ria ao nosso lado, há quem nos olhe e nos deixe ser um sonho por um momento, há quem saiba aproveitar o vento e o frio porque a vida é um velejar os dias, encontrar ocos onde rir nas tardes e nas pedras, a vida é um cabelo despenteado e umas sombras na água, uns segundos à espera do vento mais certo, uma imagem que começa num convite espontâneo e termina numa festa sazonal, a vida são nuvens inesperadas numa poça, águas que saltar a caminho do incógnito, um salto de lado a lado da muralha ou uns corpos a espreitar; a vida, sim, é fraca e longa, e guarda nos dias frios os corações mais calorosos, os nossos.
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