Aspiro-te no cheiro dos bichos. Estudo-te juntamente com abelhas, libélulas e pirilampos. Há dias em que me pareces uma borboleta espalhando pólen pelos pastos. Ontem, eras uma pétala a descer o rio: deixavas-te levar na correnteza num quê de criança que olha o mundo do carrossel e tudo acha mágico e belo. Hoje observei-te e o teu corpo artrópode parecia um grão de milho. Vinha a água pelo rio abaixo e atiraste-te ao meio das gotas em gentio: eras música no canal do moinho. Uma criança acordada tomou-te na mão e pelo buraco da mó de cima em dança foste farinha, amanhã serás pão de milho que mastigarei deliciada sabendo-te preso aos meus ossos e membranas.
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