a casa arrasada. arrastados os móveis da idade infante, os vincos nas portas nada convocam a não ser a náusea do tempo perdido. começar após o ciclone, quando o que foi teto e o que foi chão se confundem no meio da chuva e a lama. andar aos pedaços de nós atrás da vassoura que queima as mãos porque o céu é nosso, o fogo é nosso, o trabalho é nosso. é a vida, dizem com olhos nipónicos os braços calados. é a vida e a morte, diz o coração enxuto, é o que não queremos ser mas não sabemos abandonar, é pescador que sai de manhã e nada sabe do mar que o espera, as vidas por ceifar, o pão de cada ria. assim nada sabemos das fracas vontades com que nos entendemos no meio do nada, as nuvens entre os pulsos latejantes, a insuportável necessidade de amar e ser amados, o insaciável vácuo que nos habita o peito e nos insta a procurar-nos no meio da trovoada, no meio das ruas, no meio das sequelas do monção que nos abala a cada dia.
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