entre as janelas e os muros a brisa, a água em dias de chuva: penetrar a matéria inerte. ser-se a posse das coisas. peixe entre multidão coxa de olhares. entre as palavras uma vírgula fugida: levantar-se de súbito e saltar para o mato sem regras. entrar na clandestinidade das imagens ocultas sob a necrópole. cavar-se numa gruta sob o calculado fingimento do timbre. desconversar os sentidos. como inquilinos, ultrapassar a frequência que mexe os ossos. massa orgânica que a custo levantamos contra todos os pesos de todas as leis impostas pelo corpo, contra a gravidade, contra a leveza do que somos, contra o peso da memória, contra o flagelo dos rostos passados, contra tento e maré, contra-mão, contra-acepção assente, contra a grelha do eu. contra nós morder os segundos antes de chegarem e mascá-los, entrar no templo azul não pela porta, mas pelo solo. ser a mina, as mãos na terra dos fonemas, o som dos bichos que mastigam o futuro, as unhas do poço, as lesmas do verbo, a matéria prima dos calhaus e os nomes.
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