A Chávena de Humanidade


O Cháismo é um culto baseado na adoração do que é belo entre os factos sórdidos da existência diária. (...) É uma tentativa terna de atingir algo possível nesta coisa impossível a que chamamos vida.

El teísmo es un culto basado en la adoración de lo que es bello entre los hechos sórdidos de la existencia diaria. (...) Es un intento tierno de alcanzar algo posible en esta cosa imposible a la que llamamos vida.

Kakuzo Okakura

segunda-feira, 8 de abril de 2013

era tão simples

Tudo é em vão.
Qual o sentido da palavra, da poesia, da arte, se não sabemos evitar a dor.
Encolher-se como um guarda-chuva no verão?
Guardar-se no armário das coisas feitas em papel maché?

Como é fácil
abrir a mão e arejar a bandeira do triunfo sobre o tempo e o espaço.
Mas é em vão se houve água a deslizar por um rosto.
Nem que seja pelo meu. Ou outros. O teu.
Há o vício do poder e esse entrança
por entre os ossos de chumbo do desejo.

Quando te olhava, para quem olhava mesmo?
Quando me falavas, para quem falavas mesmo?

Deixo tudo o que acontece estendido numa toalha de mesa
a condizer com os pratos.
A bolsa cheia de medos e desastres.
Os bolsos de lenços antigos, amarfanhados.
As mãos que não se atrevem a mexer, a sacudir,
a rebentar as costuras da prevenção.
Os dentes a morder os dedos ou os lábios, tanto faz. A insónia.

No entanto, era tudo tão simples. Tu dizias: suave.
E para mim havia um pássaro que voava perto
e poisava as unhas breves e frescas nas minhas costas arrepiadas.
Ou era tudo tão bravo. Tu dizias: trovoada.
E o mar era aos meus olhos um tsunami que aguardava
encharcar-me os ossos e os anseios.

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