Bárbaro é acordar de manhã e saber-se beijado pela mão do passado.
Amado pelas horas antigas,
que não se arrependem do caminho andado.
É porque tudo em nós se torna sol,
desde que abramos a porta certa.
Tudo nos olha desde o sempre enquanto espera pacientemente
o acordar do nosso escondido centro.
Cada manhã é assim a noite do ontem,
e nada há que nos faça acordar mais cedo ou mais tarde
do tempo guardado pelos deuses à espera do nosso bocejar.
Quando nos sentamos a jantar à beira dos ancestros
é que sabemos distinguir entre a bebida e as músicas sagradas
onde dançar caladamente ao sabor do tempo ido.
Cada viagem é um segredo,
cada sorriso contém uma amizade esquecida
no canto do riso ou a saudade.
Temos tudo o que precisamos, por isso é sempre cedo
para mudar a pele e seguir o caminho.
Somos dois ou muitos, não interessa quanto tempo foi o partilhado
mas até onde: há chumbos que nunca conseguem atingir o fundo
porque há fundos que terminam no hoje
e não regressam ao barco, que é efémero.
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