let's sell the class.
chega gente nova e é ensaiar a estreia
essa viatura onde nos enfiamos
para encarar os outros.
devem-se calar os vícios, dizem.
devem-se esconder as mãos enquanto se contam as vitórias, dizem.
para tudo parecer acaso, longe do cálculo calado, dizem.
falar é jogar póquer
é por isso que o vício é uma fala oblíqua,
o jogo onde nos envolvemos aos poucos,
atentos aos sinais, as dúvidas, os silêncios.
é por isso que é preciso levantar-se da mesa
e embarrar os pés pela estrada dos ossos à vista
fora do enfeitado casino onde se jogam
as fortunas dos corações taimados.
é por isso que cá andamos os anjos caídos
a descobrir as cartas antes de o jogo começar;
a perseguir a ausência de lado como os loucos perseguem a lua.
não há como vencer do lado das cartas à vista.
mas também não há como vencer
sem dois a ocultar as cartas.
o vício do jogo está na incógnita
e os diabos não temos paciência para o naipe.
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