pensaste na espera
como um brilho no olho
de quem descobre a carta que falta ao jogo
não na esperança estripada
de quem espera sem saber
por quê
por quem
por quando
pensaste que o guizo dos meus dentes
era perene como as folhas das acácias
pensaste bem
esqueceste pensar a latitude e longitude
dos meus ramos
pensaste nos tempos em que as folhas
cresciam sem medida
esqueceste regar as raízes em silêncio
pensaste na cortiça mole e perfumada
como os lençóis secos ao sol
esqueceste o regador das noites mornas
pensaste nas flores que precedem os frutos
cortaste-as para as levar num vaso
para uma mesa grande
de uma casa grande
com janelas grandes
perto de um mar grande
foi assim que
perto de um mar grande
numa mesa grande
de uma casa grande
com janelas grandes
os frutos não aconteceram
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