não tenho disposição para os arames. cada vez que as palavras farpadas se tornam gomos nas nossas bocas, cada vez que nascem aos borbotões as espinhas fracas, as pequenas espetadas de cores e palavras perdidas na memória, cada vez, é amanhã. ou uma pinga de água no espelho, distorção prescindível do conhecido. pertence-nos o direito ao colo e a o hálito morno das manhãs de domingo, as letras ou notas com que acordamos para a beleza de estarmos vivos, para a escolha do olho antigo que às segundas esquecemos abrir. nada nos atinge a não ser o medo de estar vivos ou mortos, a tragédia de sermos os carrascos do próprio destino e nem dar por isso. é pelos caminhos da erva-cidreira que nos crescem as mãos e os jeitos de
encontrar o outro no nevoeiro azul do oceano onde descansamos as almas à
noite. é nos rios de tinta e lembranças sorridentes que acontece o tacto dos corações, a irmandade escondida, o incorpóreo abraço da procura, o nós.
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