ergue-se pelas pernas a dor
pelas coxas a dor
pelo rio do sangue a dor
concentrada no ponto onde morremos para a inocência há tanto tempo
não sentimos a pedra como afogamos o grito
dormidamente alimentamos o complô da memória
para preservar a casa branca do futuro
o búnquer das mãos aflitas pela beleza
esqueléticas de tanto acenar um adeus antes do início
escondidamente moles sob a película do medo
trementes do concreto
perdidas a correrem do lobo mas
loucas à procura dele
do castigo que sem saber pretendem
do dente de diamante a rasgar o ouro
sem sequer se lembrar da água
da correnteza
do sol e a vida lá fora
não somos amigos da lua
e no entanto
esquecemos tanta vez puxar da descarga do trovão
para acreditar piamente
na mentira
da porta fechada por outrem onde nos trancamos a fingir
solidão ou ira
a mentira
das nossas termas últimas
escondidas
convexas como o instinto
de morte
aguçadas até atravessar o espelho
e reviver à janela
as águas-furtadas à vida
o salitre
o riso
o relento
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