Dá-me as águas do tempo ido pelas bermas dos lábios
Dá-me a cansada visão do ontem
a vida pelos ombros como lã ou algodão florido
Dá-me vinte notas de beijos ou a cada passo uma razão
Dá-me pelo dia uma palavra que desmentir à noite
quando os sonhos nos tornam pessoas verdadeiras e sozinhas
Dá-me cada erva em que te deitas para investigar a música dos bichos
e do orvalho
Dá-me a penumbra em que te tornas uma ideia fraca
ou um presente dos adeuses
Dá-me mãos como arames farpados
a tocarem instrumentos prontos a morrer nas ruas
cada dia com cada pessoa que passa
e te olha
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