deitamos cores como fogo ou areia nos olhos do outro
consentimos na força do esquecimento:
captar e raptar parecem-se demais e além das letras
por isso
não permanecemos mais do que um milénio escrito
há muito tempo atrás
não esquecemos os cabelos caídos a caminho
do comboio ou a escola
somos botões na casa da lembrança espalhados
no soalho da infância
guardados os corações no vinco do ódio
ou do amor
cada pérola um gesto congelado
esperamos porque somos fundos cheios
de conchas que borbulham desejos
fugidos
afãs perdidos na fronteira
da sétima onda e a segunda via que nos nomeia
sem mudar um ápice
uma vírgula
uma cor de cabelo que seja
somos cada fragmento de adeus na colagem
do fracasso
uma réstia de acenos calmos e olhos secos
um misto de promessas
e bolas de sabão
uma mentira com bilhete de ida e volta
uma porta.
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