caminhamos por entre as costas dos outros
com as unhas agarradas
aos passados
pequenos
que foram aninhando-nos entre as costelas
como andorinhas no verão
passam as chaves
as estações
as ferrugens
tomam-nos os pulsos perante os corações
castigados
é preciso o inverno
enquanto avançamos como as mãos do réu
entre as grades
presos pela chave do que já
fizemos
ouvimos
dissemos
é preciso o inverno
caminhamos frios entre tactos
quentes
borbulhas de ausência à procura do líquido amniótico perdido
atordoados pela luz
pelos ecos estridentes dos corpos
pelas arestas dos pulmões cansados
pelos olhos dos outros
a demandarem o que
não nos pertence
o que não podemos
atingir
mais
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