fracos, flancos vibrantes daqueles barcos onde nada
nem ninguém sobrevive ao frio
ao naufrágio do artefacto, o esqueleto
às ondas gélidas da despedida
declaro-me presa e eis que
aí nasce a minha liberdade
de saber quem sou mesmo entre grades
porque me afasto do fundo
flutuo nas velas ou no mastro
e levanto voo sobre a tempestade do eu
declaro-me em greve de nome
nem por sombras, nem por passos, nem por tábuas
haverá com que rubricar feitos ou passados
largar é a profissão do aprendiz
viajo a nado entre as vagas de perguntas sem resposta
sem olhos para olhar nos olhos
que me olham
sem mãos para devolver os tactos
com que os outros não me tocam
ausente de propósitos, alfândegas, milagres, virgens ou vontades
o vento era uma queixa mas mudei as velas
agora a brisa é o riso que nasce da verdade
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