rica em lábios como a branca de pedra
corro pela cidade com as vestes levantadas
não me contes que foste à praia
o nosso plano era a montanha
e as árvores estão frias
corro pela cidade enlouquecida
as cores que uso escondem a vontade
de ficar sentada às tardes
é tudo tão simples e tão difícil
mergulho nas pedras da calçada
nas montras onde creio ver-te
sussurro palavras fechadas como pétalas à noite
ninguém entende o linguajar do pólen descansado
a não ser nós - estratosféricos
corro pelas ruas - insisto em bater os pés descalços
sorrio às pessoas que não entendem o meu passo
acham que dança é repetição; não concordo
sigo em frente sem parar e não estás
rio, conto-me esta história como sempre
invento a tua nuca os teus pés
os meus olhos não precisam da presença
as ruas foram sempre, comigo, acolhedoras
e os espelhos amigos generosos
Sem comentários:
Enviar um comentário