tag:blogger.com,1999:blog-30562931424081165182024-03-13T03:12:37.945+00:00o gosto solitário do orvalhoSilviahttp://www.blogger.com/profile/04441785214575558449noreply@blogger.comBlogger252125tag:blogger.com,1999:blog-3056293142408116518.post-39176509957743536672021-08-09T16:57:00.007+01:002021-08-19T11:40:39.962+01:00Dissociação<p> Adormeço sempre os olhos do sonho. Nem tento nem desconsigo, é apenas assim como decorrem os sentidos que uso para gerir a vida. Noite é dia, dia é noite, mais verdade a noite do que o dia, e vice-versa. Silêncio é som, e vice-versa. E assim.</p><p> Às vezes, no meio de uma conversa qualquer, uma mão ou uma perna minha avança, passa à minha frente, e sou o olhar de uma câmara que será um filme para outros sentirem o que, na verdade, nunca sentiram.</p><p> Outras vezes oiço a minha voz atravessar o espaço. Então, umas cordas vogais - que, ao que dizem, habitam dentro de mim - vibram e contagiam o ar à minha volta, vejo ondas empurrando-se e empurrando o ar, invadindo os outros corpos, vivos e mortos, que reagem a esse empurrão e compreendem qualquer coisa que há uns segundo existia apenas dentro de mim, num lugar sem tempo nem espaço que a ciência insiste em chamar pensamento, e que é apenas a teia onde são tecidas mentiras e verdades, ilusões e realidades, crenças, crendices e vaguidades. </p><p>Porque a realidade nada mais é que um conjunto de acordos, um molho de inconcreções em que concordamos após descartar noventa por cento do que acontece em nós.</p><p>E enquanto a gente luta com as escolhas, a ciência chama de dissociação esse eu que esquece o contrato e não escolhe qual eu é o verdadeiro eu, se tal existe. Esse eu que se recusa à obrigação de escolher, de apontar, de dividir, e é, mais uma vez, escolhido, apontado, dividido: dissociado.</p>Silviahttp://www.blogger.com/profile/04441785214575558449noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-3056293142408116518.post-69343786314829811592021-08-01T21:45:00.004+01:002021-08-01T21:51:02.212+01:00é tão cansativohá pessoas que carregam uma tristeza dentro delas. escondida, a tristeza dorme num pregue da orelha ou num sinal da pele. de vez em quando, de preferência à noite, a tristeza, esse bichinho, acorda, mexe, e a pessoa esquece sorrir. o bicho da tristeza desacorda a pessoa dela própria, do que foi, de tudo o que está por ser. e assim a pessoa fica cansada, estourada de tanto abrir o nevoeiro à machadada, apenas para, no fim do dia, voltar a dormir, e no dia a seguir voltar a acordar para o mesmo nevoeiro, no mesmo lugar, com o mesmo machado. é tão cansativo.Silviahttp://www.blogger.com/profile/04441785214575558449noreply@blogger.com7tag:blogger.com,1999:blog-3056293142408116518.post-26719435324455312262019-03-20T23:39:00.003+00:002019-03-21T00:22:09.388+00:00contra el ayerAsí como las sombras son largas<br />
Las noches se nos pegan a la espalda<br />
Se nos suben por las paredes<br />
De la casa interior<br />
Esa que nos puebla los sueños<span class="text_exposed_show"><br /> Como las noches y las fuerzas perdidas<br /> Como las memorias de todo <br /> Lo que querríamos no haber sabido jamás</span><br />
<br />
<div class="text_exposed_show">
La noche es lucha blanda<br />
La lucha dura es contra el ayer<br />
Que se alarga sobre el hoy como un ciprés<br />
<br />
La lucha dura es contra el mañana<br />
que promete volver a doler<br />
<br />
La lucha es sobrevivir<br />
<br />
Contra el saber<br />
Contra el comprender<br />
Contra todo lo que daríamos por no poder recordar<br />
<br />
Cuándo empezó todo<br />
Cómo<br />
Quién<br />
<br />
Pero sobre todo<br />
<br />
No saber <br />
No recordar<br />
No comprender<br />
<br />
Por qué</div>
Silviahttp://www.blogger.com/profile/04441785214575558449noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-3056293142408116518.post-66240966754708720592019-02-21T23:18:00.000+00:002019-03-20T23:40:15.903+00:00La sembradora de piedrasMe llaman la sembradora de piedras<br />
<br />
Porque intenté resucitar<br />
Granitos<br />
Mármoles<br />
Con agua<br />
Palabras<br />
Lunas fieras<br />
<br />
Hoy sé que<br />
Era simple incomprensión<br />
<br />
Las piedras ya están vivas<br />
Y el problema era que yo<br />
Desconocía su lenguaje<br />
De opacidad y espera<br />
<br />
Hoy yo también soy casi roca<br />
Transito<br />
A un viejo mundo<br />
De silencio y clareza<br />
<br />
Mañana.<br />
<br />
Mañana cerraré los ojos<br />
Y por fin seré un cuarzo<br />
Una playa<br />
Una sólida forma<br />
De certezaSilviahttp://www.blogger.com/profile/04441785214575558449noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-3056293142408116518.post-8440131221312608562019-02-20T15:10:00.001+00:002019-02-20T15:10:26.480+00:00Odoiyá<span aria-live="polite" class="fbPhotosPhotoCaption" data-ft="{"tn":"K"}" id="fbPhotoSnowliftCaption" tabindex="0"><span class="hasCaption">Quando criança<br /> Eu sei que você<br /> Me cuidava escondida por trás daquelas ondas<span class="text_exposed_show"><br /> Gigantes<br /> Quietas<br /> Ameaçadoras<br /> <br /> Eu tenho certeza que você<br /> Segurava aquelas águas <br /> Que me deixavam paralisada<br /> À beira da praia<br /> No pesadelo mais longo, mudo e repetido de todo o meu sempre<br /> <br /> Me perdoe,<br /> Eu era tão criança<br /> Que nem sabia que você existia<br /> <br /> E no entanto<br /> Você existia mesmo<br /> E existia, de certo jeito,<br /> Para mim.<br /> <br /> Você existia na minha cor favorita<br /> Tão favorita que era inútil me oferecer lápis de cor ou caneta<br /> Se não fosse jogo de 36<br /> (Para quem não sabe, a cor do mar só tinha em estojos de 36).<br /> <br /> Você existia nos golfinhos de Menduinha<br /> Que eu esperava horas para ver passar<br /> Ao longe no lusco-fusco<br /> <br /> Você existia em tanta coisa,<br /> Existia na voz da minha avó,<br /> Que era forte e amorosa<br /> E tinha ficado sem marido.<br /> <br /> Você existia no jeito como eu olhava<br /> Para os mapas de África<br /> Decorando uma e outra vez<br /> Nomes de países, capitais, rios <br /> <br /> Você existia nos meus dentes separados,<br /> Nos meus seios que viriam a ser grandes<br /> Nas minhas mãos compridas<br /> Nos meus brincos de prata<br /> Nos meus caracóis impostados<br /> <br /> Mas você existia, sobretudo,<br /> Nos meus sonhos<br /> <br /> Porque em criança,<br /> Quem sabe o porquê<br /> Eu só queria desenhar praias,<br /> Para poder estender o verde-azul do mar<br /> Até o limite do céu<br /> E do papel<br /> <br /> Hoje não sou mais crianca <br /> Aprendi que você existe<br /> Me protege, me guarda<br /> <br /> Por isso hoje esqueço<br /> Lápis, golfinho, maremoto,<br /> E grito<br /> <br /> Odoiyá, Iemanjá!<br /> <br /> Odoiyá!</span></span></span><br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiz0dRT1FSkLSOv2lId8K0cuOAc4sDefagtjrqG8__2I43b5_uhBR-5HjJ_9_cQbX2WqGGkxN4Twj5IxZFW0C056jzUtwR8Y4II6mPdr_WNx-j41D2LkiNq08EmiProQcn56z42TCiWegHt/s1600/iemanj%25C3%25A1.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="824" data-original-width="614" height="320" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiz0dRT1FSkLSOv2lId8K0cuOAc4sDefagtjrqG8__2I43b5_uhBR-5HjJ_9_cQbX2WqGGkxN4Twj5IxZFW0C056jzUtwR8Y4II6mPdr_WNx-j41D2LkiNq08EmiProQcn56z42TCiWegHt/s320/iemanj%25C3%25A1.jpg" width="238" /></a></div>
Silviahttp://www.blogger.com/profile/04441785214575558449noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-3056293142408116518.post-7433578011155346642019-01-06T16:00:00.002+00:002019-01-06T16:16:02.188+00:00FogI'd better be dumb<br />
But goodhearted<br />
<br />
I'd better be wrong worded<br />
But host truth in my heart<br />
<br />
I'd better be trustable<br />
But I got used to forget promises<br />
<br />
I'd better be shining<br />
But I got used to live in fog<br />
To make my murderers get lost<br />
<br />
Now, that very fog of mine<br />
Has shadowed each and every way<br />
To get to me<br />
Not only to my murderers<br />
But also to my saviours<br />
Even to me<br />
So I'm sitting here<br />
In the middle of my own storm<br />
Trying to find a way<br />
Longing to be someone else<br />
An else that I could have been<br />
Maybe an else I was born as<br />
<br />
Buy today my heart's full of<br />
Afterdarks<br />
And dawns <br />
And falls<br />
And rises<br />
<br />
And somehow or somewhere<br />
I've lost the key<br />
Or the beverage<br />
To make me big or small enough<br />
To get through the right door<br />
Into my own lightning garden<br />
<br />
So I'm still standing here<br />
In the middle of this little closed tower<br />
Fallen from inside a tree<br />
After following the white rabbit<br />
<br />
Wondering <br />
Wether I deserve to laugh<br />
Or to be beheaded<br />
Whether I'm the good<br />
Or the bad guy<br />
Or both<br />
<br />
<br />
<br />
<br />
Still standing in the fog<br />
While facts go on and<br />
I try to be warm water<br />
But remain stone made<br />
And love, and wish, and regret<br />
All of a sudden<br />
Altogether Silviahttp://www.blogger.com/profile/04441785214575558449noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-3056293142408116518.post-47693046394068643492019-01-06T15:43:00.002+00:002019-01-06T15:43:49.626+00:00Te invitoTe invito a una cirugía:<br />Coge el cuchillo del pan.<br />Córtame una rebanada de esternón.<br />Así.<br />Eso es. No hay dolor.<br />Así podrá salir la voz que susurra los desmanes.<br />Roja y chorreante.<br />Así podré verla.<br />Olfatearla. Y no odiarte.<br /><br />Tú solo ven y asume mi mando.<br />Ejecuta.<br />Quizá la guarde en un tubo de ensayo.<br />La voz.<br />Y le mida la distancia.<br />Y la intención.<br /><br />Pero ven.<br />Te invito a una cirugía.<br />Trae tu cuchillo del pan. <br />Es importante.<br />Lávate las manos y los ojos <br />E intenta no mancharte:<br />Los recuerdos rojos<br />Pueden ser imborrables.Silviahttp://www.blogger.com/profile/04441785214575558449noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-3056293142408116518.post-43239816657765444492018-07-27T19:51:00.000+01:002018-07-27T19:51:31.972+01:00OpheliaOld Ophelia<br />she's gone deaf<br />stopped feeding herself<br />with poisoned words<br /><br />Old Ophelia<br />she's mute<br />stopped spreading her blood<br />for those who needed her hurt<br /><br />Old Ophelia<br />she's gone<br />sweeped away down the river<br />sinked amongst the flowers<br />her killers threw over her<br />to blind our eyes before their sins<br /><br />But for the new Ophelia<br />she's free<br />left flowers, words, killers<br />be dragged down to the falls<br /><br />Young Ophelia<br />she's new-born<br />out of the river<br />wandering through silent fields<br />looking after her swanSilviahttp://www.blogger.com/profile/04441785214575558449noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-3056293142408116518.post-48899313975296355532018-05-12T01:32:00.001+01:002018-05-12T01:32:04.232+01:00VikingosRecuerdo los tiempos vikingos<br />La noche de los escudos y los panes<br />Cuando aún éramos todas las posibilidades<br />Cuando aún no habíamos cargado las armas<br />Del dolor, la envidia, el desprecio, el vacío<br />Cuando aún éramos humanos buscando<br />Extraterrestres en nuestro interior<br />Buscando despertar de la pesadilla<br />tejida por nuestras manos, nuestros egos<br />Cuando aún amábamos la posibilidad de amar<br />De ser uno<br />Cuando aún buscábamos la posibilidad de buscar<br />Ser otro<br />De construir un barco con cada trozo de sabiduría, de artesanía, de corazón, de mano,<br />Y arrancar rumbo al sudor y los escollosSilviahttp://www.blogger.com/profile/04441785214575558449noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-3056293142408116518.post-7137711415009750382018-05-08T19:55:00.002+01:002018-05-08T19:55:44.260+01:00RecuerdoRecuerdo no todos <br />Pero sí algunos de los días<br />En que se decidió<br /><br />Se decidió que nuestra casa<br />Sería solo nuestra<br /><br />Se decidió que los muebles de otros<br />En realidad eran nuestros<br /><br />Y nos sentamos<br />Unos más cómodamente que otros<br />En unos sofás azules<br />Que habían albergado otros cuerpos<br />Otros corazones<br /><br />No recuerdo si fue entonces cuando se decidió<br />Que la culpa es de quien confía<br />Y por eso quien confía<br />Se queda sin casa<br />Sin muebles<br />Sin (co) razónSilviahttp://www.blogger.com/profile/04441785214575558449noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-3056293142408116518.post-61264317377443754182013-11-30T00:18:00.003+00:002013-12-07T08:48:31.896+00:00The endTudo o que começa, termina.<br />
Há coisas urgentes, e falta o tempo para elas.<br />
A poesia é uma, mas talvez doutra maneira.<br />
Talvez nunca mais; talvez amanhã.<br />
Talvez o agora morra para sempre<br />
e renasça noutro lar.<br />
<br />
<br />
<br />
<br />Silviahttp://www.blogger.com/profile/04441785214575558449noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-3056293142408116518.post-22496913885259055622013-11-27T22:21:00.001+00:002013-12-03T21:59:10.431+00:00quando me dizesquando me dizes "mulher"<br />
há tempo que afastaste de mim o<br />
ser amante<br />
<br />
quando me dizes "preto"<br />
há tempo que o teu coração<br />
é baço<br />
<br />
quando me dizes "carne"<br />
há tempo que o meu coração<br />
não bate<br />
<br />
quando me dizes "peixe"<br />
há tempo que esqueces que o meu corpo<br />
também sente<br />
<br />Silviahttp://www.blogger.com/profile/04441785214575558449noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-3056293142408116518.post-65889189734609846732013-11-17T23:35:00.002+00:002013-11-17T23:35:25.829+00:00viajamosviajamos al punto exacto de retorno<br />
lo que ha de ser nos encara y asumimos que<br />
todo y nada es una misma cosa<br />
no un río o una montaña<br />
sino un ojo que no distingue<br />
el agua de la tierra<br />
excepto para atravesarlas<br />
cada una en su textura y grado<br />
<br />
viajamos desde donde aún no hemos sido<br />
atravesamos la luz como el tráfico <br />
como si nada hubiera sido<br />
exhaustos nos levantamos descansados<br />
leves con el peso del trabajo terminado <br />
a nuestra medida y sin recuerdos<br />
<br />
regresamos cada noche al otro lado de la cinta<br />
paseando nuestros ojos cerrados<br />
ensoñando lo que puede y debe<br />
repitiendo una y mil veces una palabra franca<br />
pero dura y cortante como la paz o el cielo<br />
<br />
nos sentamos sobre la verdad que hemos ocultado<br />
porque su calor nos agarra al futuro que viene<br />
y así seguimos la senda del guerrero <br />
entre los dientes un cuchillo, flor en mano<br />
bastón entre los dedos callosos pero blancos<br />
<br />
nos alejamos de lo que no será de nuevo<br />
hemos repuesto las piedras del camino<br />
no hay rastro en nuestras manos del dolor<br />
mientras callamos secretamente la alegría<br />
de ver salir el sol y cabalgar despiertos<br />
sobre el lomo blanco del dragón Silviahttp://www.blogger.com/profile/04441785214575558449noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-3056293142408116518.post-28978949289425075222013-11-14T00:30:00.002+00:002013-11-14T00:34:39.047+00:00ruasrica em lábios como a branca de pedra<br />
corro pela cidade com as vestes levantadas<br />
<br />
não me contes que foste à praia<br />
o nosso plano era a montanha<br />
e as árvores estão frias<br />
<br />
corro pela cidade enlouquecida<br />
as cores que uso escondem a vontade<br />
de ficar sentada às tardes<br />
<br />
é tudo tão simples e tão difícil<br />
mergulho nas pedras da calçada<br />
nas montras onde creio ver-te<br />
<br />
sussurro palavras fechadas como pétalas à noite<br />
ninguém entende o linguajar do pólen descansado<br />
a não ser nós - estratosféricos <br />
<br />
corro pelas ruas - insisto em bater os pés descalços<br />
sorrio às pessoas que não entendem o meu passo<br />
acham que dança é repetição; não concordo<br />
<br />
sigo em frente sem parar e não estás <br />
rio, conto-me esta história como sempre<br />
invento a tua nuca os teus pés<br />
<br />
os meus olhos não precisam da presença<br />
as ruas foram sempre, comigo, acolhedoras<br />
e os espelhos amigos generosos<br />
<br />
<br />Silviahttp://www.blogger.com/profile/04441785214575558449noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-3056293142408116518.post-51577353506147950702013-11-06T00:06:00.003+00:002013-11-06T00:06:23.156+00:00deixaratrever-se a ficar<br />
como o mel entre os dedos<br />
<br />
ficar no campo de batalha<br />
e de riso em riste<br />
<br />
ouvindo cada inseto<br />
sentindo cada cheiro<br />
<br />
atrever-se a ficar<br />
entre os corpos sedentos<br />
<br />
e não beber nem amamentar<br />
almas desdentadas pelo ódio<br />
<br />
ficar nu perante os olhos olbíquos<br />
que não atingem a verdade<br />
<br />
deixar os outros ficarem com o corpo<br />
a ossada com que se diverte o senhor obscuro<br />
<br />
que habita todo o corpo que o engorda<br />
inclusivamente o teu quando o alimentas<br />
<br />
deixar os outros dançar com a casca<br />
como se nada fosse, mesmo nada<br />
<br />
deixar os outros acreditar que é verdade<br />
que estão mesmo a brincar contigoSilviahttp://www.blogger.com/profile/04441785214575558449noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-3056293142408116518.post-82867074821611859292013-10-31T11:12:00.003+00:002013-10-31T11:12:32.974+00:00matemáticafecha-se o círculo<br />
que nunca esteve aberto<br />
a mudança é a noção de phi <br />
os pontos são os mesmos mas<br />
habitados pela consciência espiral<br />
<br />
enquanto nós, pobres coitados,<br />
achamo-nos pontos<br />
perdidos à procura de um eixo onde engajar<br />
e formar uma recta que seja<br />
alinhar numa função de crescimento >0< <br />
ou então uma parábola<br />
uma infinita procura do regresso:<br />
ai, se o infinito fosse curvo<br />
ai, se o tempo se dobrasse<br />
para regressar ao ponto onde o desastre começou<br />
ai, se a mentira fosse verdade<br />
<br />
mas nós, pobres coitados, <br />
achamo-nos pontos de valor = 1<br />
enquanto somos vectores<br />
cortes entre planos<br />
e <i>x</i> e <i>y</i> são apenas referências<br />
assim como não somos os nossos nomes<br />
que foram esquecidos e suplantados<br />
por coordenadas que confundem o plano:<br />
ai, se a matemática não fosse perfeita<br />
ai, se nós não fôssemos tão esquecidos<br />
<br />Silviahttp://www.blogger.com/profile/04441785214575558449noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-3056293142408116518.post-76263887525056586242013-10-29T00:23:00.000+00:002013-10-29T00:23:48.299+00:00no finjas tener tiempoblandamos la guirnalda del adiós<br />
sobre tu cuello: no te deseo nada <br />
seas quien seas, mueras quien mueras,<br />
excepto la libertad y la andaina<br />
<br />
busca dentro de tus ojos pero<br />
no olvides tus dedos<br />
no decepciones a tus pies<br />
ni tampoco camines menos<br />
de lo que tus piernas puedan<br />
<br />
bebe lo que te sirvan<br />
come lo que te alimente<br />
rechaza el plato sucio de los que mienten<br />
sigue vivo en los pies del bosque, mátate<br />
y resucita el mismo día de tu muerte<br />
<br />
rétate a enfrentarte a tus condenas<br />
no muestres tu tesoro a los piratas<br />
no digas que no hay quien te alimente<br />
<br />
<br />
y sobre todo<br />
no finjas tener tiempo para perderte Silviahttp://www.blogger.com/profile/04441785214575558449noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-3056293142408116518.post-19620383419054192202013-10-26T00:23:00.000+01:002013-10-26T00:28:06.364+01:00ovejas negrasno empujar la puerta de las preguntas<br />
cada paso cotidiano esconde una incógnita<br />
disfrazada de pan blanco o café<br />
<br />
no olvidar que detrás de cada mentira<br />
respira una ecuación perfecta y rotunda<br />
como un sol naciente y poblado<br />
<br />
hoy trabajo porque soy libre<br />
hoy me niego a seguir al otro rebaño<br />
sólo porque no sigan al pastor<br />
más bruto más alto <br />
<br />
unos y otros caminan en distintos sentidos<br />
y sin saberlo, en la misma dirección escondida<br />
urden la tela del ensueño<br />
que desemboca en el triste patio del vacío<br />
<br />
hoy saltamos sobre la cuenta atrás<br />
como si el futuro nos quemara las plantas de los pies<br />
y nadie ni nada detiene esta máquina del tiempo<br />
estos relojes trucados, este destino cierto <br />
<br />
algunos eligen ser ovejas negras<br />
y por el camino olvidan que también ellas<br />
pueden formar rebaños<br />
y ser amigas de los centinelasSilviahttp://www.blogger.com/profile/04441785214575558449noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-3056293142408116518.post-57957745451554368112013-10-23T20:43:00.001+01:002013-10-23T20:43:28.935+01:00cometa<div style="text-align: justify;">
sí, las aladas horas en las que tu vuelo se ha hecho vida. cada rostro antiguo nos cuenta lo que no sabemos; hemos olvidado buscar recuerdos entre el pelaje del lobo: mis dedos suenan como un reloj suizo a la hora del cuento y no tengo cómo ser más profunda sin hundirme en el mar de las preguntas. hablamos el mismo idioma sin lengua, sin signos, sin vocales; en él descansamos palabras como <i>domingo</i> o <i>sudor</i>. pero sobre todo no tenemos dónde caernos vivas de tanto mirar al frente. empujo hacia el epicentro mientras subes el tronco de Alicia, directa al espejo que has creado de ti, el zumo vivo de tus noches escondidas buscando la fuente. te suelto, te dejo, como a un ave que fue cometa.</div>
Silviahttp://www.blogger.com/profile/04441785214575558449noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-3056293142408116518.post-42132279289586465592013-10-19T11:47:00.001+01:002013-10-19T23:28:45.785+01:00amizadesabemos como percorrer silêncios: <br />
a amizade é uma coisa antiga e calada<br />
habitada por olhares longínquos<br />
de minhocas e de pássaros migrantes <br />
<br />
a cada pouco nos entram pela porta<br />
as lembranças e os risos guardados<br />
em caixinhas de lata antigas<br />
impõe-se o calor da sobremesa<br />
as intenções nuas e mornas como o chá<br />
<br />
a vida está em dia, posta a mesa<br />
para as mãos vazias com que levemente<br />
nos tocamos os ombros, os braços<br />
há viagens, paragens, casas e quedas à espera<br />
há a lareira nos olhos, há a porta meio aberta<br />
<br />
<br />
<br />Silviahttp://www.blogger.com/profile/04441785214575558449noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-3056293142408116518.post-52723047124495203312013-10-15T20:12:00.003+01:002013-10-15T20:13:10.372+01:00azulclara como las nubes<br />
azul como lo que no quieres<br />
no buscas<br />
no sabes que existe<br />
no te sostengo entre mis brazos porque<br />
a qué conjugar verbos efímeros<br />
pudiendo sonreír con tus recuerdos<br />
vertidos en mis sueños como en un contáiner<br />
porque soy casa amiga y quieta<br />
<br />
a qué levantar sábanas o reír<br />
en tus dientes<br />
o recordar gestos o palabras que no tienen dónde<br />
caerse muertos<br />
<br />
tú cantas cada mañana<br />
cantas como lo que no sabes<br />
como lo que no tienes o quieres<br />
por eso tu voz es clara y escondida<br />
y viene como de una esquina antigua<br />
en una casa abandonada<br />
donde juegan aún los espíritus de los niños que<br />
ya no somos<br />
y duermen en ajadas camas<br />
los sueños que ya no tenemos<br />
<br />
tú cantas cada mañana<br />
nítido, fuerte,<br />
desde el corazón de tu jaulaSilviahttp://www.blogger.com/profile/04441785214575558449noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-3056293142408116518.post-6219422729510459112013-10-06T20:04:00.000+01:002013-10-27T17:28:27.817+00:00el sueloa cada rostro los días se nos adivinan entre las líneas<br />
escondidas entre ojo y ojo<br />
me vuelvo y me miras<br />
lo sé pero somos lejos<br />
<br />
aquí, toda palabra es un señuelo<br />
no tengo tiempo para pájaros<br />
mis días son repletos como bolsillos<br />
de un niño a la hora del recreo <br />
<br />
tú sobrevuelas feliz sin rumbo<br />
tu hábitat de nubes de ceniza<br />
tu circular pedazo de cielo<br />
<br />
yo vivo aquí, abajo, felizmente lenta<br />
blanca y desnuda asisto al invierno <br />
como la lombriz, callo y sigo preparando el sueloSilviahttp://www.blogger.com/profile/04441785214575558449noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-3056293142408116518.post-18756898861187102822013-09-30T22:40:00.001+01:002013-12-03T22:04:39.509+00:00círculos concêntricoslevantar-se é acender as velas da esperança<br />
<br />
por cada cabeça que roda há sete que acordam como dragões antigos<br />
<br />
nós somos golfinhos a cantar pelos mares do mundo uma música antiga e nebulosa <br />
<br />
os tempos não enganam:<br />
somos filhos do desígnio aberto das águas<br />
fluimos em direção ao epicentro do amor sem reservas<br />
<br />
as gargantas ecoam numa frequência que acorda os instintos leves<br />
e nós, outrora carnívoros corpos armados em árvore<br />
acordamos para o que estávamos à espera de lembrar<br />
abrimos os olhos para o dejà vu que inventamos a cada segundo<br />
e sonhamos sonhos lúcidos como tochas na caverna<br />
e cantamos em frequências impossíveis que reduzem ao nada<br />
o calor infernal da distância onde embalamos a cegueira<br />
que alimenta os círculos concêntricos da fome e a guerra<br />
<br />
<br />
<br />
<br />Silviahttp://www.blogger.com/profile/04441785214575558449noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-3056293142408116518.post-9826017178830563752013-09-30T21:06:00.000+01:002013-09-30T21:06:19.113+01:00nacos<div style="text-align: justify;">
<span class="null">a noite não sabe a noite. caminho pelas costas das
linhas porque o longe hoje é uma utopia. pergunto-me onde estás. em
casa, sim, mas onde estás. em ti? em mim? talvez na casa das palavras
brancas, agora que elas se empilham para nos receber um outro dia cheio
de sol e laranjas. empilho palavras como lenha para a lareira. o inverno
chega e a estrada está cortada. sabemos como esperar. o silêncio é
sagrado, mas cúmplice em presença. na ausência, o silêncio é como o gelo
onde uma mãe ursa procura o filhote caído. corta as mãos, afronta,
serve o coração em nacos.</span></div>
Silviahttp://www.blogger.com/profile/04441785214575558449noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-3056293142408116518.post-65415784312360472512013-09-26T23:29:00.000+01:002013-09-26T23:29:03.060+01:00qué pena que tus ojoshoje lembrei-me que tenho um sonho<br />
passa um mocho calado<br />
passa uma música de lenço branco<br />
<br />
<div style="text-align: center;">
qué pena que tus ojos</div>
<div style="text-align: center;">
qué pena que tus manos</div>
<br />
hoje lembrei-me que está inverno<br />
cada folha desafia o solo<br />
cada fruto tem seu tempo<br />
<br />
<div style="text-align: center;">
qué pena que tus ojos</div>
<div style="text-align: center;">
qué pena que tus dedos</div>
<br />
hoje lembrei-me que está noite<br />
faz quase lento<br />
faz quase aguado<br />
<br />
<div style="text-align: center;">
qué pena que tus ojos</div>
<div style="text-align: center;">
qué pena que tus labios</div>
<br />
hoje lembrei-me que sou de prata<br />
somos pouco sem moeda<br />
somos nada sem trocados<br />
<br />
<div style="text-align: center;">
qué pena que tus ojos</div>
<div style="text-align: center;">
qué pena que tus pasos</div>
Silviahttp://www.blogger.com/profile/04441785214575558449noreply@blogger.com0