A Chávena de Humanidade


O Cháismo é um culto baseado na adoração do que é belo entre os factos sórdidos da existência diária. (...) É uma tentativa terna de atingir algo possível nesta coisa impossível a que chamamos vida.

El teísmo es un culto basado en la adoración de lo que es bello entre los hechos sórdidos de la existencia diaria. (...) Es un intento tierno de alcanzar algo posible en esta cosa imposible a la que llamamos vida.

Kakuzo Okakura

quinta-feira, 18 de outubro de 2012

parar

à beira do rio gasto, às portas da menina, dançar em voltas, sem encostar, girar sobre o superficial: a minha estratégia é fugir para a frente mas com os calcanhares do passado, no encalço do que em mim não atribuo: mãos com dedos, discurso, tacto ou coisa que valha. segue-me a rua, o pátio, o chão frio do licéu ou a madeira da barraca, ao silêncio ou a rejeição em troca das boas-vindas, o caminho de volta para casa a pé na chuva ou no sol; na orelha sentado o rosário de proibições murmuradas sem domingo, o martelo do juiz , o medo, o lacaio do tonal, o olhar torvo ao interior, as nuvens no rés-do-chão, o nunca mais chegar a um local que não existe, guardar esse lugar que não possuo e ao mesmo tempo me pertence, derreter o paradoxo, chegar ao ponto de partida sem sair, chegar a ser o que já se é, algures,  atingir o trampolim para o salto interior, a aristotélica passagem da potência ao ato, da ítaca sozinha ao caminho, pois é por ulisses que ítaca é ítaca, e vice-versa; assim, como um abutre dar voltas e mais voltas como num cemitério onde os túmulos são as estantes com objetos vácuos, onde a memória é o castigo, a amnésia é a condena, o futuro uma nebulosa e o presente já se foi. girar, girar e parar no ponto exato onde a única via é avançar. às portas da verdade, servir o medo da escuridão e parar. para dar o salto.

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